sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Viagem também é sinônimo de aprendizagem!

Eu e Larissa fomos passar uma semana no Chile, com minhas primas e tia querida. Ficamos na casa da Júpolets, do Charlie e dos meus sobrinhos: Totoca e Di. Sobrinhos sim, porque a Ju é minha irmã de coração e de vida. Afinal, temos 1 ano e meio de diferença de idade uma da outra e convivemos juntas desde o meu nascimento. Nossa infância foi das melhores e hoje, apesar da distância física, meu coração sempre foi conectado ao dela, ao da Déia e ao da Bá.

Bom, voltando à viagem, várias pessoas comentavam que eu era louca de ir para tão longe só com a Larissa e eu não entendia bem esses comentários... achava a coisa mais natural do mundo... até que... durante a viagem (e na ida e na volta também!), consegui compreender um pouco os tais comentários!

Larissa, super-mega-empolgada, dormiu somente os 10 minutos finais do vôo para Santiago. Já no carro, depois de uma calorosa recepção da tia Márcia e da Déia, Lalá começou um chôrôrô sem tamanho. Queria o papai, queria ir pro Brasil, queria ir pra casa. Eu explicava, abraçava, beijava, aconchegava e nada... chegamos na casa da Ju e o choro continuava. Ligamos para o Du e, mesmo dizendo que queria o pai, também não queria falar com ele... fiquei sem lugar de tanta preocupação... depois, cedeu ao enorme cansaço e dormiu. No dia seguinte, achei que ela já teria esquecido do Brasil mas logo que acordou perguntou "mamãe, vamu pu Basil agóia?" e mais chôrôrôs e pirraças que ela nunca tinha feito com ninguém na vida...

Mas mesmo com tanto cansaço, tantas mudanças, ambiente diferente, língua e pessoas diferentes, ela curtiu bastante, especialmente o priminho Totoca que ela logo me disse com firmeza que era priminho sim mas que era amiguinho. Entendi que pra ela, amigo é mais do que primo, e eles se entenderam melhor ainda, mais então quando a gente não estava perto! Larissa, logo nas primeiras conversas com ele, olhou para mim e disse "mas mamãe, ele ainda não sabe faiá dieito. Totoca, é simmmm e não sí!".

No domingo o Alfre nos recebeu em sua casa com um delicioso churrasco (aliás, o quintal da casa dele, que só foi fotografado pela mente, já era delicioso: coberto por lindas parreiras!). Larissa, depois de se familizarizar um pouco, veio correndo ofegante lá dos fundos dizendo "mamãe, tem uma fedozada lá atáis!" e eu, meio sem graça imaginando o que ela teria encontrado, perguntei o que era e depois de um bom tempo fui entender: o Totoca havia pisado numa fruta estragada e contava isso pra ela numa mistura de "portunhol" que era algo como "se há pisado en una fruta istagáda" que pra ela virou "fedozada".

Se entendiam pelo olhar. Brincavam de cutucar os pés silenciosamente embaixo da mesinha durante o almoço e sorriam um para outro: cúmplices. Corriam e pulavam, inclusive em cima da cama da Ju e do Carlos. Colcha branquinha, quarto branquinho com paredes também branquinhas. Possivelmente manchadas de achocolatado e suco que espirravam por todo quarto enquanto a dupla saltava aos risos. Nadavam, brincavam, iam às pracinhas, aos parques, e, ao final do dia, tomavam um delicioso banho de banheira que eu dava com o coração cheio de alegria pela oportunidade de viver momentos tão gostosos junto desses pequeninos!

Também se desentendiam, sempre que um queria uma coisa o outro também queria e volta e meia rolava um choro. O Di nos acompanhou em todos os programas, mamando forte sempre! Cada saída era uma grande aventura!

Cantamos juntos em português e em espanhol, até "una cuncuna amarilla" nas duas versões, que eu lembro de aprender quando pequena com a Vari.

Na volta, quando enfim consegui assentar e tomar um cappuccino na Starbucks da sala de embarque do aeroporto em Santiago, Larissa pergunta pelo tio Carlos ao que eu explico que ele foi pra casa dele descansar e que nós pegaríamos um avião de volta para o Brasil e blábláblá, achando que ela ficaria feliz de ir para casa, ver o papai e tudo mais. Pra que... Lalá abriu o chôrôrô de novo querendo o tio Carlos, querendo ir pra casa dele, querendo ficar no Chile! Enquanto estivemos lá ela nem chegava perto dele, ficava receosa e tímida com todos, agora, bem na hora de ir embora, ela queria ficar com ele. Pode!?!

Voltei processando mil aprendizados da maternidade, entre vários outros, e ainda digerindo o fato de não ter ido ver Michel Odent com tia Márcia (que buscou e levou ele ao aeroporto, almoçou com ele e participou da organização da conferência dele!).

Agora a rotina voltou ao normal, aqui e lá, e esperamos ansiosamente pela vinda (em breve definitiva, se Deus quiser!!!) da família linda que nos recebeu com tanto carinho.